Campanha ‘Liberte Nossos Feeds’ busca proteger tecnologia da Bluesky dos bilionários

Enquanto Elon Musk e Mark Zuckerberg continuam a remodelar o espaço das redes sociais, um grupo de empreendedores e defensores internacionais de tecnologia lançou uma campanha para proteger as redes sociais do controle e influência de bilionários.

A iniciativa, Free Our Feeds, tem como objetivo proteger a tecnologia subjacente do Bluesky, o Protocolo AT, e utilizá-lo para criar um ecossistema de redes sociais aberto que não possa ser controlado por uma única pessoa ou empresa, incluindo o próprio Bluesky.

O objetivo da iniciativa é estabelecer uma fundação de interesse público que financie a criação de novas redes sociais interoperáveis que possam funcionar no Protocolo AT, e construir infraestrutura independente para sustentar essas novas plataformas, mesmo que o Bluesky acabe nas mãos de bilionários.

A campanha surge uma semana depois que o Meta anunciou que estava abandonando a verificação de fatos e afrouxando suas regras de moderação de conteúdo. O Meta, que é dono do Facebook e do Instagram, é uma empresa de capital aberto, mas Mark Zuckerberg controla essencialmente a empresa por meio de sua posse de ações com direito a voto, o que dificulta que acionistas ativistas o destituam ou pressionem por mudanças. Também coincide com o Bluesky, que viu um aumento recente de usuários que migraram do X (anteriormente Twitter) depois que o proprietário Elon Musk usou a plataforma para promover a campanha presidencial de Donald Trump e outras causas políticas, incluindo o partido de direita AfD na Alemanha.

Free Our Feeds foi lançado com o apoio de vários nomes notáveis, incluindo o ator Mark Ruffalo, o diretor Alex Winter, o escritor Cory Doctorow, o fundador da Wikipedia Jimmy Wales, o presidente da Mozilla Foundation Mark Surman, entre outros.

Robin Berjon, tecnólogo independente e um dos nove “guardiões” do projeto, disse ao TechCrunch que Free Our Feeds foi o resultado de conversas que ele e outros membros fundadores estavam tendo sobre explorar maneiras de pressionar por mudanças na forma como as redes sociais e a infraestrutura digital funcionam.

“Se você pensar em nossa rede rodoviária, se todas as estradas fossem de propriedade de um ou dois bilionários, e eles pudessem cobrar impostos sobre tudo, decidir quem pode ir aonde, etc., então estaríamos em apuros”, disse Berjon. “E a infraestrutura digital não é, como você sabe, obviamente grande e na sua cara como uma estrada talvez, mas funciona exatamente da mesma maneira. Tem a mesma dinâmica exata, a mesma concentração de poder. E essencialmente, o que estamos fazendo é garantir que essa infraestrutura digital, que é por natureza um bem público, seja governada no interesse público”.

Embora a equipe reconheça que compartilha dos mesmos valores do Bluesky, eles acreditam que a empresa é suscetível à pressão do capital de risco, e que se acabar sob o controle de um bilionário, os usuários merecem opções alternativas respaldadas por infraestrutura independente. A equipe tem mantido contato com o Bluesky, observando que a rede descentralizada apoia sua missão de tornar o Protocolo AT à prova de bilionários.

Free Our Feeds quer arrecadar $30 milhões ao longo de três anos, e tem uma meta imediata de $4 milhões para contratar uma pequena equipe e construir infraestrutura independente.

“O objetivo de operar a infraestrutura é garantir que o Protocolo AT que está por trás do Bluesky possa permanecer aberto”, disse Berjon. “Eles o disponibilizaram de código aberto, as pessoas podem usá-lo. Mas como só há uma grande entidade, que é o Bluesky, não há poder contraposto, não há mais ninguém para garantir que ele permaneça aberto. Pretendemos operar uma infraestrutura independente do Bluesky que seja compatível com ele, que suporte toda a rede, para que não seja apenas eles tendo um lugar de destaque lá. A ideia é realmente continuar angariando fundos para se tornar um ator credível nesse espaço, e usar esse dinheiro para essencialmente financiar outras aplicações”.

Berjon diz que o Protocolo AT está atualmente sendo usado principalmente para construir o BlueSky, mas também poderia ser usado para construir outros tipos de aplicativos sociais.

“Usando a mesma infraestrutura, você poderia construir um análogo do Instagram, um análogo do Facebook, um análogo do TikTok, ou, sabe, coisas que ainda não foram inventadas”, disse ele. “E esse é, na verdade, o objetivo. Não é apenas copiar coisas. E ao inventar essas novas coisas, você não precisa reinventar contas de usuário ou sistemas de armazenamento, etc. As pessoas podem apenas usar suas contas existentes com sua nova coisa, porque é interoperável com o Protocolo AT. E assim, realmente queremos ajudar as pessoas a construir essas novas aplicações”.

Free Our Feeds pretende ter a fundação independente estabelecida e em funcionamento até o final do ano. Berjon diz que se a organização sem fins lucrativos não arrecadar fundos suficientes, ela devolverá o dinheiro.