Sheinbaum, do México, foi vista negociando com influentes políticos para ocupar cargos na empresa estatal de energia.
Reescrito por Diego Oré
Na Cidade do México, há uma competição entre o ex-ministro das Relações Exteriores do México, um membro proeminente de uma família política importante e um líder partidário por cargos ligados à energia no governo de Claudia Sheinbaum. Isso indica que a experiência política pode prevalecer sobre a experiência técnica na gestão das empresas de energia estatais.
O gabinete da futura presidente Claudia Sheinbaum terá uma combinação de membros antigos e novos, conforme informado por fontes de sua equipe. Ela busca manter as principais prioridades de seu antecessor, ao mesmo tempo em que imprime sua própria marca em áreas específicas.
A visão do presidente Andrés Manuel López Obrador para alcançar a auto-suficiência energética do México depende muito da importância das empresas estatais Pemex e CFE.
Sheinbaum, um especialista em questões climáticas, se depara com o desafiador dilema de cumprir sua promessa de manter as políticas de Lopez Obrador, ao mesmo tempo em que busca aprimorar o desempenho ambiental do México e impulsionar a produção de energia limpa.
Um dos candidatos em consideração para liderar a Pemex, uma empresa petrolífera altamente endividada que é fundamental para as finanças do governo, é o historiador Lazaro Cardenas, que tem experiência como conselheiro de Lopez Obrador, ex-governador e é filho de Cuauhtemoc Cardenas, um importante líder da esquerda mexicana.
Duas pessoas próximas a Sheinbaum afirmaram que Cardenas era o principal candidato para a posição, mas também poderia ser considerado para liderar o Ministério da Energia.
Cardenas não possui histórico na área de energia, porém conta com a importante vantagem de ser neto de seu avô, que como presidente do México em 1938 liderou a nacionalização da indústria petrolífera do país, resultando na criação da Pemex.
Essa linhagem indica que é pouco provável que ele implemente uma mudança radical na Pemex, o que é corroborado por fontes próximas ao ex-governador.
Designar figuras políticas influentes com pouca vivência na área empresarial para cargos de destaque em empresas estatais é uma prática frequente no México, embora não seja uma regra geral. Um exemplo é a nomeação de Adrian Lajous, especialista em energia, por Ernesto Zedillo, presidente de 1994 a 2000, para liderar a Pemex.
Na área da indústria de petróleo, Gabriel Yorio, que é Ministro Adjunto das Finanças e membro do conselho da Pemex, foi citado. Fontes do setor também indicam que Luz Elena Gonzalez, ex-secretária de finanças da Cidade do México, está atuando.
Cardenas, Yorio e Gonzalez não deram resposta imediata aos pedidos de comentários.
“Por causa de suas claras consequências no mercado, a escolha da (Pemex) irá exemplificar a estratégia de Sheinbaum em relação a um elemento crucial para sua meta de promover a transição energética do México”, afirmou Matias Gomez Leautaud, analista da Eurásia.
Na Comissão Federal de Eletricidade, a principal empresa fornecedora de energia do país, os principais candidatos para ocupar o cargo são o ex-ministro das Relações Exteriores Marcelo Ebrard e o presidente de Morena, Mario Delgado, conforme informado por duas fontes ligadas à equipe de Sheinbaum.
Ambas não possuem experiência no exercício do poder, mas exercem uma influência significativa, o que ressalta a importância de Sheinbaum possuir conhecimento político em contraste com a experiência tecnocrática.
A Comissão Federal de Eletricidade (CFE) foi fundamental nos esforços de Lopez Obrador para ampliar a presença do governo na produção de energia. No entanto, tanto a CFE quanto a Pemex receberam críticas por sua baixa performance ambiental, e investidores estão atentos para ver se Sheinbaum pode promover mudanças nessas empresas estatais.
Os críticos também criticaram a CFE por não ampliar a sua capacidade de produção, o que resultou em apagões de energia no México durante períodos de altas temperaturas e seca generalizada.
A equipe de comunicações de Delgado e Ebrard não quis fazer nenhum comentário.
“O alinhamento de Sheinbaum com as prioridades do presidente Andres Manuel Lopez Obrador sempre nos fez esperar um alto nível de continuidade”, afirmou Gomez Leautaud. Ele mencionou que, em áreas como o ministério financeiro, a continuidade é bem vista pelos mercados. No entanto, em relação à gestão de Pemex, há preocupações devido aos resultados insatisfatórios da administração atual nesse aspecto.